A batalha de Elon Musk pela liberdade de expressão no Brasil está ficando cara

Elon Musk foi forçado a colocar seu dinheiro onde está sua boca na sexta-feira, quando o Supremo Tribunal do Brasil ordenou que os bancos apreendessem mais de US$ 3 milhões de contas financeiras de propriedade da X e da Starlink da SpaceX para liquidar multas incorridas pela plataforma de mídia social de Musk.

O Supremo Tribunal Federal, em decisão declaração na sexta-feira, indicou que o juiz Alexandre de Moraes ordenou a apreensão de US$ 1,3 milhão de uma conta bancária X e US$ 2 milhões de uma conta Starlink.

De Moraes aplicou as multas contra X depois que a empresa se recusou a nomear um representante legal para responder às solicitações do governo para remover contas ou postagens específicas na plataforma. As contas visadas eram afiliadas a “milícias digitais“que de Moraes diz que têm espalhado metodicamente desinformação apoiando o ex-presidente de extrema direita deposto Jair Bolsonaro.

“Após o pagamento do valor integral devido, o ministro entendeu não haver necessidade de manter as contas bancárias bloqueadas e determinou o imediato desbloqueio das contas bancárias/ativos financeiros”, diz a nota do Supremo Tribunal Federal.

As contas da empresa, que estavam congeladas, foram restabelecidas. Ainda assim, a apreensão indica que Musk enfrentará custos financeiros significativos para sustentar batalhas sobre seu objetivo declarado de proteger a liberdade de expressão online.

O próprio Musk tem um histórico longe de ser perfeito em protegendo os direitos de expressão — incluindo o cumprimento de solicitações de restrição de conteúdo dos governos cada vez mais autoritários da Turquia e da Índia — mas mesmo os apoiadores mais relutantes de Musk dizem que ele tem razão no Brasil, já que a justiça brasileira adotou uma postura mais extrema para lidar com a desinformação do que outros líderes democráticos.

Alguns dos grupos de extrema direita de Moraes tentou restringir o acesso online, argumentando que a derrota de Bolsonaro na eleição de 2022 foi causada por interferência eleitoral e apoiou uma multidão que invadiu o Congresso brasileiro para iniciar uma golpe militar que teria assumido o controle do governo do país.

Assim como os EUA, o Brasil consagrou proteções à liberdade de expressão em sua constituição, mas o governo brasileiro tem maior poder discricionário do que o governo dos EUA para proibir certos tipos de discurso.

Musk respondeu que os indivíduos alvos das ações legais de Moraes não foram condenados por um crime e, portanto, as tentativas do juiz brasileiro de restringir suas atividades online equivalem à censura. Em retaliação às ações tomadas contra X, Musk provocou a justiça brasileira online, comparando-o a Lord Voldemort da franquia “Harry Potter” e sugerindo que as ordens legais de Moraes equivalem a violações da lei brasileira que deveriam levar à prisão do juiz.

O que isso tem a ver com a Starlink?

O batalha entre Musk e de Moraes tem escalado por meses, levando à apreensão de fundos da X e da SpaceX. Embora a conexão entre os problemas legais do site de mídia social e a responsabilidade da empresa de comunicações via satélite pelas multas do primeiro é tênue, de Moraes arrastou ambas as empresas de propriedade de Musk para a briga.

A recusa de Musk em cumprir ordens judiciais para remover conteúdo específico de sua plataforma de mídia social levou Moraes a ameaçar emitir um decreto de prisão contra Rachel Nova Conceição, uma representante de X, levando Musk a fechar escritório do X no Brasil.

De Moraes então ordenou X banido do Brasil — uma exigência da SpaceX A Starlink inicialmente se recusou a cumprir antes de reverter o curso e bloquear o acesso à plataforma de sua constelação de satélites fornecedores de internet após sua licença para operar no país foi ameaçada. Outros provedores de serviços de internet no país prontamente cumpriram a ordem de Moraes de bloquear a plataforma, evitando ações semelhantes do juiz.

Analistas jurídicos questionaram a decisão de Moraes de forçar a Starlink a pagar multas aplicadas a X, já que a única conexão entre as empresas é que a mesma pessoa as possui.

“A Starlink é uma empresa diferente. Pertencer ao mesmo grupo econômico não significa que ela também é responsável por uma dívida da qual não participou. Ela nem teve a chance de se defender”, informou a Associated Press, o jurista brasileiro Lênio Streck, nas redes sociais. “O que a Starlink poderia ter feito para evitar o que outras empresas fizeram?”

Representantes da X e da SpaceX não responderam imediatamente aos pedidos de comentários do Business Insider.